sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

APRESENTAÇÃO 2000


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VIRGÍLIO TEIXEIRA

Foram as minhas frequentes visitas ao Funchal que me levaram a encontrar Virgílio Teixeira e a ter com ele algum convívio que cedo se transformou numa grande admiração. Já o conhecia há muito dos écrans de cinema, onde o vira interpretar filmes que ficaram como referência de uma certa produção cinematográfica portuguesa (mas também latino-americana) dos anos 40 e 50. Ele fora Zé do Telhado e "partenaire" de Amália, em Fado; ele fora companheiro de António Vilar nalguns filmes históricos espanhois, como A Mantilha de Beatriz, Rainha Santa ou Alba de América; ele fora protagonista de títulos como Agustina de Aragão ou A Leoa de Castela, e lembro ainda algum orgulho pessoal por o ver, lado a lado com Yul Brynner, no Regresso dos Sete Magníficos, ou a terçar armas com Stephen Boyd, em A Queda do Império Romana. Por essa altura, Virgílio Teixeira, juntamente com António Vilar, era um dos nomes mais sonantes (os únicos nomes sonantes, talvez) do cinema português fora de portas. Mas, enquanto António Vilar fora sempre, quem sabe se por acasos do destino, um representante do Estado Novo, desde que interpretara a figura de Camões, no filme do mesmo nome, Virgílio Teixeira ficara como o galã simpático que não se assumira nunca como mito de um regime ou propagandista de ideias que não fossem as suas. Sempre senti por Virgílio Teixeira uma simpatia que ultrapassava o seu talento de actor, e pude verificar depois, no convívio que muito mais tarde mantivemos, que esse sentimento tinha toda a razão de ser. Virgílio Teixeira é uma personalidade extremamente afável, um conversador infatigável, um memorialista com muito que contar, um "dandy" da melhor tradição britânica, um galã a cujos encantos muito dificilmente as mulheres terão fugido ao longo de uma carreira recheada de filmes românticos que seguramente despedaçaram os vulneráveis corações do público feminino dessas épocas. Ainda recentemente, em A Mulher do Próximo, esse encanto se mantinha e era bem visível.
Há já algum tempo que tinha prometido a mim próprio homenagear este homem que tanto fez pelo cinema nacional, numa altura em que era difícil fazer-se alguma coisa. Essa ocasião chegou, com o Famafest 2000, para o que o convidei a desempenhar o cargo de Presidente Honorário do Júri Internacional, aproveitando a oportunidade para exibir um ciclo de homenagem a uma filmografia com cerca de uma centena de títulos, rodada um pouco por todo o mundo. A acompanhar este ciclo, surge esta pequena brochura, que não é ainda o volume que gostaria de lhe consagrar, apoiado sobretudo numa longa entrevista com o actor, recordando os passos mais significativos da sua carreira. Mas conseguimos estabelecer a mais completa filmografia da sua carreira e apresentar em primeira-mão um conjunto de fotografias que constituem parte do espólio do próprio Vergílio Teixeira. É do seu "Álbum" de fotografias pessoal que retirámos quarenta imagens que ilustram este volume, e que testemunham alguns dos seus momentos mais significativos (*).
A Virgílio Teixeira os agradecimentos do Famafest 2000 e um abraço pessoal de estima e amizade, congratulando-nos todos por o podermos ter em Vila Nova de Famalicão, por altura do II Festival Internacional de Cinema e Vídeo.

Lauro António (director do Famafest)

(*) Vou tentar publicar as fotos que apareceram no livrinho do Famafest 2000 neste blogue, mas sem prometer nada, pois não tenho comigo os originais, e as reproduções retiradas directamente do volume são de muito má qualidade.

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